sexta-feira, 1 de julho de 2011

CUIDADOS COM A CRIANÇA -MÁ ALIMENTAÇÃO:

Quase todo mundo pensa que criança adora comer o que não deve. Isso é, parcialmente, verdadeiro. Parcialmente. É bem verdade que a criança, e cada uma delas é única no mundo, vai ter suas preferências alimentares, mas essa escolha vai acontecer dentro de um “cardápio” que lhe tenha sido apresentado pelos pais, parentes e, depois, pela escola.
Uma equipe de nutricionistas, que compõem o Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Cardiologia/Secção PE, resolveu fazer uma pesquisa nas cantinas de 12 escolas privadas do Recife. Chegou a uma conclusão quase óbvia: a maioria dos produtos consumidos na hora do lanche estão longe de constituírem o que se pode classificar de saudável.
De acordo com a pesquisa, a coxinha e o pão de queijo lideram, com 100%, a preferência alimentar das crianças e adolescentes. Os pastéis alcançaram o recorde de 90%, seguidos, de perto, pelo famoso cachorro-quente, que apresentou um índice também elevado: 83,3%. Talvez seja redundante esclarecer que, entre as bebidas, os refrigerantes lideram com 100% a preferência da meninada.
A conseqüência mais imediata desses maus hábitos alimentares são: obesidade precoce, hipertensão arterial infantil, elevado nível de colesterol e de triglicerídeos. “É cada vez mais freqüênte, nos consultórios, a visita de crianças com esses problemas de saúde”, diz a presidente do Departamento de Nutrição, Conceição Chaves.
Segundo Conceição, as crianças e adolescentes que vêm consumindo esses alimentos calóricos não gastam o que consomem. “Na hora do recreio, nas escolas, o tempo que as crianças dispõem é, muitas vezes, gasto na fila da cantina. Depois do lanche, voltam para a sala de aula. Hoje em dia, as crianças não correm, não sobem em árvores, afinal, moram quase todas em apartamentos. Em casa, ou estão no computador ou em frente da TV, atividades que não estimulam a queima calórica”. De acordo com a nutricionista, não há nenhuma orientação para que as crianças cortem radicalmente o consumo desses alimentos calóricos ou industrializados.
O problema dessa alimentação inadequada não é circunscrito à classe média. “Outra pesquisa, essa ainda em fase de elaboração, com população de baixa renda, vem mostrando que também há crianças pobres com problemas de obesidade”, conta ela.
A doença cardiovascular é a principal causa de morte em adultos nos países industrializados. Resultado do acúmulo de gorduras nos pequenos vasos do coração – as artérias coronárias – a doença é responsável, no Brasil, por 35% das mortes notificadas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Embora os sintomas da doença apareçam na vida adulta, sua gênese remete à infância”, explica a cardiologista da Unidade de Cardiologia e Medicina Fetal do Hospital Português, Sandra Mattos, que foi uma das responsáveis por outra pesquisa, essa realizada ano passado, no Shopping Center Recife, sobre a saúde das crianças pernambucanas.
O estudo avaliou nível de colesterol, pressão arterial, peso, entre outros itens relevantes na avaliação dos fatores de risco para doenças cardíacas. Das 372 crianças entrevistadas, com idade variando entre 7 e 14 anos, 28,49% estavam acima do peso, 59,52% afirmaram não praticar nenhum exercício físico e 9% das crianças apresentaram hipertensão arterial. O estudo mostrou, ainda, que o consumo de verduras, nas refeições, e frutas é mínimo.
“Nessa amostra verificamos que muitas crianças e adolescentes estão desenvolvendo hábitos de vida que vão predispô-las para uma doença cardíaca coronariana na vida adulta”, lamenta a médica. A chamada geração videogame e batata frita vai mal das pernas. “Criança não brinca mais. O lazer é resumido às atividades que não consomem calorias. Ela não pratica esportes e os alimentos consumidos são inadequados”, denuncia.
Na verdade, quase todos os profissionais que trabalham com saúde e educação são unânimes quando afirmam que os principais fatores que estão levando as crianças a cultivarem péssimos hábitos alimentares são a forte mídia das empresas de alimentos industriais aliada à ausência das mães na criação de seus filhos (ver matéria abaixo).
“Muitas mães declaram que os filhos têm mania de comer salsicha. E nós indagamos: Quem trouxe o alimento para dentro de casa? Há também casos em que a mãe quer que o filho opte por suco natural de fruta quando ela mesma escolhe refrigerante”,
fonte-Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário