sexta-feira, 15 de julho de 2011

HERSON CAPRI E SUA EXPERIÊNCIA COM O CANCÊR

O ator curitibano Herson Capri Freire, de 58 anos, conhecido dos brasileiros por atuações marcantes em novelas como Renascer e Tropicaliente, é o que podemos chamar de um herói na vida real. Quem o vê na TV nem imagina que ele venceu um câncer no pulmão, tumor agressivo e o que mais mata no Brasil e no mundo.
Foi a mulher de Herson, a médica Suzana Garcia, que em fevereiro de 1999 primeiro observou o tumor. Ele foi operado e enfrentou com sucesso todas as etapas de tratamento e seguimento. E hoje, curado, faz questão de contar a sua história, destacando que só conseguiu sair vitorioso por ter descoberto e tratado a doença no início.
Capri abraçou a causa da prevenção do câncer e tem se integrado a ações voltadas para a divulgação da importância do diagnóstico precoce para a cura da doença. Em novembro  de 2008 ele marcou presença no lançamento nacional da campanha Consciência Viva – Vivo e Conto, de conscientização sobre o câncer de pulmão.
Nesta entrevista, ele conta sua história desde o diagnóstico e chama a atenção para a necessidade do acesso da população a exames preventivos e tratamento de qualidade em todo o país.
Qual foi sua primeira reação ao descobrir que tinha câncer de pulmão? Teve medo?
HERSON CAPRI - Foi a sensação de impotência diante das perdas: eu ia perder uma família linda e que eu amava muito – e eles iam perder um pai e um marido. Eu tinha certeza de que ia morrer, mas não tive medo.
Você lembra quais foram as primeiras palavras do médico ao diagnosticar a doença?
Quem primeiro viu o raio-X com o tumor foi a minha mulher, que é médica. Ela foi muito objetiva e firme no sentido de pesquisar melhor o tumor por meio de exames mais minuciosos e na procura do médico mais indicado para me acompanhar. Um dos primeiros médicos que consultamos disse a ela que eu não teria mais que 6 meses de vida. Ela não acreditou nisso e estava certa.
O quanto ajudou ter descoberto a doença em fase inicial?
O diagnóstico foi precoce, mas quase que não deu tempo. O tumor estava muito próximo do coração e das paredes internas do pulmão, quase colando. Como não chegou a colar nem na parede interna do pulmão nem no coração, isso foi determinante para me salvar.
Em 98% dos casos de câncer de pulmão o cigarro é o principal agente causador. O seu caso está dentro dessa estatística?
Sim, eu fumei muito durante mais de 30 anos. Cheguei a fumar três maços de cigarros por dia nas fases mais ansiosas. Parei seis anos antes de descobrir que tinha um câncer e não fumo mais.
Como foi o tratamento? Houve uma etapa mais difícil?
Logo depois do diagnóstico fiz a cirurgia e depois, como prevenção, radioterapia. Foi só. Não fiz quimioterapia porque não era indicado. Mas lembro que a radio me deixava muito enfraquecido.
Foi possível conciliar tratamento com a carreira de ator?
Dei sorte, porque a etapa de radioterapia foi feita justamente num momento em que eu não tinha nenhum trabalho em vista. Não teria como aceitar algum trabalho naquela fase, pois o processo todo é muito desgastante fisicamente.
Como está sendo a experiência de defender a causa da prevenção de câncer?
Eu vejo isso como uma obrigação moral que preciso cumprir e faço com muito prazer. É a passagem de conhecimento de uma coisa que vivi e é muito bom poder fazer isso.
Qual é o seu recado para aqueles que não sabem a importância da realização de exames preventivos de câncer?
Acreditem nos exames preventivos. Eles salvam vidas. A sua e a de seus parentes. Nossos médicos, muitas vezes, não recomendam esses exames por causa das condições sociais e econômicas dos pacientes. Eles dizem que não há necessidade de exames se não há sintomas. Discordo totalmente. O câncer é silencioso. É importantíssimo fazer todos os exames indicados para cada idade e às vezes até antes da idade indicada. Deveria haver algum movimento no sentido de que esses exames sejam democratizados e se tornem acessíveis a todos.
Ter passado pela experiência de enfrentar o câncer mudou seus hábitos, sua forma de viver?
Mudou muito. Sorrio mais, me preocupo menos, tento me alimentar melhor, ter hábitos mais saudáveis, faço exercícios, tento dormir bastante, tento manter o bom humor. E faço meus exames médicos e laboratoriais todos os anos.

Cura do câncer de pulmão
O diagnóstico precoce foi determinante para a cura de Herson Capri e isso é comprovado por números. Quando os tumores estão restritos ao pulmão (estágios I e II ) – como foi o caso de Capri - devem ser operados e removidos com chance de cura de até 75%.
No estágio III é necessário haver uma associação de quimio e radioterapia, com eventual intervenção cirúrgica. Este é um processo pouco mais invasivo e a chance média de cura é de 30%. No estágio IV – quando o tumor saiu do pulmão e se espalhou para outras áreas - a quimioterapia é o tratamento de escolha, porém as chances de cura são extremamente reduzidas. Nesta fase já é possível realizar, com aparato médico e medicamentos, um controle da doença e seus sintomas.
Sinais
Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão são a tosse e o sangramento pela via respiratória. Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns para o paciente. Além disso, uma pneumonia de repetição pode, também, ser a apresentação inicial da doença. A maneira mais fácil de diagnosticar o câncer de pulmão é por meio de um raio-X do tórax complementado por uma tomografia computadorizada. Uma vez obtida a confirmação da doença, é feito o estadiamento, ou seja, o médico verifica se a doença está restrita ao pulmão ou disseminada por outros órgãos. O estadiamento é feito através de vários exames de sangue e radiológicos, como dosagens enzimáticas e ultrassonografia, respectivamente.
Fonte: Revista ABCâncer

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