Apesar das construções seculares, um ar de jovialidade contagia as ruas da honorável Coimbra. Também, pudera: todos os anos, cerca de 50 mil estudantes lotam as salas da sua famosa universidade, cuja torre, com traçado de coruja – o símbolo da sabedoria –, paira do alto como a revelar para quem vem da autoestrada a sua pendência natural aos livros. São os seus sinos e relógios que, desde 1733, chamam os alunos às aulas.
Coimbra foi capital de Portugal entre 1139 e 1256, quando o primeiro monarca lusitano, Afonso Henriques, decidiu transferir o comando da nação de Guimarães para um local mais ao Sul. Desde então, foram erguidos diversos monumentos que resistem até hoje e parecem fazer questão de impor certa sobriedade à alegria juvenil, regada a cerveja, que impera nas ruas, cafés e salas de aula. Um contraste entre o velho e o novo que virou marca registrada da região.
Catedrais da Sé, por exemplo, há duas: a Velha e a Nova. Descendo a colina de Alcáçova na direção do Rio Mondego, o turista ainda encontra os conventos de Santa Clara-a-Nova e de Santa Clara-a-Velha, onde Inês de Castro recebia as cartas de amor de Pedro. Não à toa, a canção Coimbra – onde se passou “a história dessa Inês tão linda” –, é a música mais cantada na Terrinha.
Como chegar
Coimbra fica a 120 quilômetros do Porto e a 210 quilômetros de Lisboa. Se vier de carro, siga pela autoestrada A-1 (há pedágios). Bastante prático é o trem (www.cp.pt). De Lisboa, demora cerca de duas horas. Do Porto, conte uma hora de viagem. Ele chega na estação Coimbra B, onde se pega outra locomotiva (preço já incluído na passagem) que em poucos minutos deixa você no centro, Coimbra A. Se preferir, há ônibus (www.rede-expressos.pt).
Coimbra é
famosa pelos seus conventos. Mosteiro de Celas,
Convento de Sant'Anna, Mosteiro
de Santa Clara-a-Velha e Nova,
Mosteiro de Lorvão, Convento de Nossa Senhora do
Carmo, Mosteiro
de Semide - daqui saíram alguns dos mais famosos doces
portugueses de todos os tempos.
Gemas de
ovos, açúcar e amêndoas compõem a trilogia de ingredientes
utilizados na confecção
dos doces conventuais portugueses. A estes,
juntavam-se por vezes canela,
farinha (em pouca quantidade) e frutas
cristalizadas, dando origem a
receituários vastos e complexos. A
capacidade divergente e
"savoir-faire" das freiras (cuja vida conventual
não se limitava a
rezar e a cuidar dos desfavorecidos e enfermos)
possibilitaram inúmeras combinações
e formas de preparar quase sempre
os mesmos ingredientes.
Em Coimbra,
era com doces que as freiras retribuíam a estudantes, lentes, poetas e fadistas,
os recitais poéticos noturnos que lhes dedicavam às portas dos conventos. Estes
momentos peculiares de ligação entre a vida conventual e a Universidade, a
doçaria e a poesia, ficariam conhecidos como “Tardes dos Outeiros” ou
“Abadessadas”, sendo deles protagonistas, entre outros, Francisco da Silveira
Malhão, Antero de Quental, João de Deus, António Castilho e, ainda, Almeida
Garrett, que um dia revelou: “mui gulloso doce as madres nos davam”.
universidade de coimbra - principal ponto turistico da cidade
doces de coimbra - famosos por toda europa
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