"A construção de presídios acabou com a vida pacata e transformou cidades do oeste do Estado no ‘Texas paulista’, apelido dado pelos próprios detentos por causa da distância da capital e do rígido sistema carcerário. Na última década, dez municípios que formam um corredor de penitenciárias na região viram o número de roubos e furtos aumentar, em média, 84,7%". O parágrafo acima foi extraído de matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo do último domingo (17 de abril), página C1, que aborda o impacto do sistema carcerário no interior de SP. Com o título "Corredor de presídios faz, em 10 anos, criminalidade dobrar no ‘Texas paulista’", a reportagem mostra uma comparação de índices de criminalidade divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e mostra que, em geral, cidades que têm penitenciárias sofrem mais com furtos e roubos do que os municípios que não têm unidades prisionais. Na última década, em todo o Estado, o crescimento nas mesmas modalidades criminosas foi sete vezes menor, de 12,1%. Entre as dez cidades com presídios usadas como referência, nove estão na Alta Paulista (apenas Martinópolis pertence à Alta Sorocabana). O Governo do Estado de São Paulo justificou a instalação de unidades prisionais no Oeste Paulista apregoando que os índices de criminalidade permanecem os mesmos depois da implantação de presídios. Agora, números do próprio governo, desmentem essa falácia que vem sendo utilizada como argumento plausível para o envio indiscriminado de penitenciárias para a região de Presidente Prudente. Durante anos, o governo peessedebista subestima a inteligência da população e quer empurrar, goela abaixo, a ideia de que os presídios são benéficos para as cidades. Conseguiu transformar o Oeste Paulista no "Texas Paulista" e na maior concentração de presos por habitante do Brasil e uma das maiores do mundo, sem dotar as prefeituras de orçamento necessário para lidar com esse baita abacaxi. A premissa simplista de gerar emprego não é, por si só, suficiente para argumentar a favor das penitenciárias, pelo simples fato de os funcionários serem selecionados através de concursos. Vem presídio, mas vão vem dinheiro para a saúde, para reforçar a segurança, a educação etc. A população do Oeste Paulista não quer trabalhar em presídio. Quer trabalhar em indústrias, que essas sim, trazem o desenvolvimento que todos esperam. A reportagem do Estado de São Paulo faz cair, por terra, a afirmação das autoridades estaduais que durante décadas poderiam jurar que o crime não aumentaria com a presença de presídios. Não bastasse a falta de contrapartidas para os municípios que abrigam unidades prisionais, agora podemos comprovar também que a criminalidade aumentou sim em algumas cidades do Oeste Paulista. Era só o que faltava para completar o pacote encomendado pelo governo de São Paulo, de nos transformar numa região pobre, cheia de presos e, agora, também de bandidos.
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