sábado, 25 de junho de 2011

COLONIA JAPONESA NA REGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE

Reportagem: Bruno Aragaki
Tudo começou em 1918, quando duas famílias japonesas e instalaram na região. A rápida expansão do café pelo Estado de São Paulo atraía mão-de-obra estrangeira para trabalhar nas lavouras. Com o sonho de enriquecer rapidamente e voltar ao Japão, os imigrantes empregavam todo o seu esforço e determinação - características que viriam a se tornar marca registrada dos nipônicos - nas plantações. Em 1940, o número de famílias japonesas instaladas em Presidente Prudente já era maior que três mil.
Com o crescimento da região, em boa parte graças à devoção ao trabalho apresentada pelos japoneses, e com a crise que se instalou na economia cafeeira, os imigrantes passaram a se dedicar a outras atividades, e o sonho do retorno à terra natal ficava cada vez mais distante. Aqueles que permaneciam no campo contribuíam para a diversificação da agropecuária prudentina, enquanto os que se dirigiam à cidade ajudavam a construir a face urbana de Presidente Prudente.
Desde a chegada dos primeiros imigrantes até hoje, o perfil econômico e político da cidade se alterou profundamente. Da pequena vila de agricultores ao status de “capital da Alta Sorocabana”, como é popularmente conhecida na região, a participação e a influência da comunidade japonesa na construção da diversidade de Presidente Prudente são evidentes. A religiosidade, as finanças o lazer e o paladar prudentinos levam o tempero japonês. “Em Presidente Prudente, cresci e passei boa parte da minha juventude. Gostava muito de promover eventos com a colônia e inventar novas formas de reunir as pessoas”, relembra Eduardo Sakamoto, presidente da All Nippon Airlines (ANA) no Brasil. “Fomos um dos primeiros a promover competições de karaokês entre as associações das cidades vizinhas: os cantores competiam e os pontos eram agrupados por entidades que representavam”, relembra. Como Sakamoto, um grande contingente de nikkeis saiu de Presidente Prudente para viver em São Paulo ou mesmo no Japão, o que causou grande encolhimento da colônia japonesa.
Os esforços para a preservação da cultura, entretanto, são grandes e partem de iniciativas de várias entidades. “Não podemos deixar a cultura japonesa morrer, tentamos passar isso também aos jovens”, diz Pedro Gushiken, presidente da Associação Cultural e Esportiva Okinawa de Presidente Prudente
A criação de associações nipo-brasileiras na cidade, ao mesmo tempo em que contribui para a continuidade e divulgação das tradições orientais, cria oportunidades de participação dos não descendentes na vida cultural nipo-brasileira.
A fundação da Associação Cultural, Agrícola e Esportiva (Acae) de Presidente Prudente em 1929, por exemplo, deu aos prudentinos variadas opções de esporte, cultura e lazer. Graças aos esforços dos descendentes para manter a colônia unida e a cultura dos antepassados viva, foi montado um complexo de recreação e cultura. Campos de gatebol, beisebol, futebol dentre outras instalações, inicialmente construídas para promover interação entre os nikkeis, hoje são espaço para recreação, ensino da língua japonesa e a intensificação do relacionamento com os não descendentes.
“Desde março deste ano, passamos a promover as ‘Sextas Acaeanas’, que são encontros abertos a todos. Fazemos yakissoba e espetinhos, tocamos música ao vivo e, com isso, os brasileiros (não descendentes) têm comparecido bastante. Chegamos a receber 700 pessoas em umas dessas sextas-feras”, comemora Mário Maeda, presidente da Acae.
A aproximação dos não descendentes aos assuntos japoneses, aliás, é um dos grandes trunfos do Sushi Fest. Historicamente contando com presença grande de imigrantes japoneses, foi criado um ambiente propício à divulgação da cultura nipônica no oeste paulista. Em Presidente Prudente, as entidades religiosas de origem japonesa tem grande aceitação dentre os não descendentes. “Nas reuniões mensais que fazemos, a maioria dos freqüentadores é brasileiro”, explica Rosemeire Kanezawa, da Reiyukai. Na Associação Brasil SGI, organização budista, o quadro é o mesmo. “A filosofia foi introduzida na cidade pela família Shimabukuro”, conta Wagner Gato, freqüentador, “mas hoje em dia a maior parte é formada por não descendentes”.
Assim, embora tenha diminuído o número de famílias japonesas instaladas na cidade (estima-se que sejam 2500, atualmente), o público do Sushi Fest é cada vez maior. Com apenas 5 anos de existência, o evento atrai de 40 a 50 mil pessoas e já é a maior festa de temática japonesa no interior paulista. “Vem gente das cidades vizinhas, da capital e até de Londrina e Maringá (PR)”, comentou Maeda. A participação de não descendentes é também cada vez mais forte. A organização da festa pretende aproveitar o interesse pelo Japão que tem conseguido despertar para divulgar a cultura japonesa.
Nesse ano os destaques são as comidas típicas, oficinas de arte, apresentações de dança e de tambores, concurso de karaokê e ainda a elição da “Garota Sushi Fest”.

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