segunda-feira, 20 de junho de 2011

FESTA DE SANTO ANTONIO:

A primeira das festas do ciclo junino é a de Santo Antônio. A véspera deste dia, significativamente, foi escolhida oficialmente como Dia dos Namorados, no Brasil. O culto de Santo Antônio é, como o de São João, herança portuguesa. Sendo um santo português, nascido em Lisboa, era também um dos mais populares e cultuados tanto em Portugal quanto no Brasil-Colônia. Segundo os portugueses, a ação de Santo Antônio era fundamental na guerra e seu nome funcionava como arma contra perigos imbatíveis. No Brasil seu papel de militar foi importante, também, dadas as inúmeras guerras e revoltas durante as quais era invocado. E tanto fez ao lado das forças armadas brasileiras que recebeu patente e mesmo soldo em várias companhias do exército brasileiro. Recebeu ainda, por esta razão, o apoio dos militares, com dinheiro e prestígio, às suas igrejas, obras e festas. É incontável o número de homenagens a Santo Antônio, igrejas construídas em seu louvor, nomes de ruas, praças, pessoas etc., na história e geografia brasileiras.
Atualmente Santo Antônio já não é mais cultuado como militar e sim como casamenteiro e deparador de coisas perdidas. Cascudo (1969) cita um trecho de um sermão do padre Antônio Vieira no Maranhão, em 1656, em que são relevados os maravilhosos poderes deste santo na resolução de vários problemas da vida humana:
Segundo Gilberto Freire (1995) a escassez de portugueses na colônia sublinhou o valor do casamento ou mesmo da procriação (com ou sem o casamento), o que tornou populares os santos padroeiros do amor, da fertilidade, das uniões e instaurou uma grande tolerância para com toda espécie de reunião que resultasse no aumento da população no Brasil. Estes interesses abafaram não apenas os preconceitos morais como os escrúpulos católicos de ortodoxia.
Assim, os grandes santos nacionais tornaram-se, à época, aqueles aos quais a imaginação popular atribuía milagrosa intervenção capaz de aproximar os sexos, fecundar mulheres e proteger a maternidade, como Santo Antônio, São João, São Pedro, o Menino Jesus, N. Sra do Bom Parto etc.. A crença de que Santo Antônio se “devidamente” invocado, perturbado com pedidos de todo tipo e até mesmo “torturado”, arranja casamento mesmo para a mais sem graça das moças é muito difundida, e é esta a qualidade mais prezada do santo durante as festas juninas. São João também já teve estas funções e também São Gonçalo (que continua sendo invocado com esta finalidade através de danças, no interior do Brasil) como mostra Freire:
Atualmente comemora-se Santo Antônio do mesmo modo que se comemora São João e São Pedro embora as intenções das festas sejam diferentes. E apesar da religiosidade envolvida, a maior atração, que faz com que todos se reúnam (mesmo os não-católicos) para comemorar as festas juninas são, de fato, as fogueiras, batatas-doces assadas, canjica, quentão, milho verde assado, pipocas, quadrilhas, bumbas-meu-boi, simpatias, fogos de artifício, bombinhas e brincadeiras, enfim, toda a alegria que envolve estas festas. Talvez porque no Nordeste, ainda se mantêm rígidos padrões de comportamento, quebrados temporariamente durante as festas juninas quando, “salvo chuva e salvo engano, a satisfação é geral”.

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