segunda-feira, 20 de junho de 2011

SÃO JOÃO- O MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO

O “Maior São João do Mundo”
Talvez o melhor exemplo do crescimento e importância que o São João vem adquirindo na região nordeste possa ser expresso pela festa de Caruaru, em Pernambuco, que compete pelo título de “Capital do Forró” com Campina Grande, na Paraíba. Caruaru retém, atualmente, o mais conhecido São João do Brasil, embora, se diga que em grandeza está ao lado do de Campina Grande. Os caruaruenses não concordam com isso:
 
 
Toda a infra-estrutura da festa em Caruaru denota que ela se prepara para ser uma nova fonte de renda da cidade, talvez a principal, logo depois das famosas feiras que durante a festa se incorporam a ela. Localizada às margens da BR 232 e distante 132 quilômetros da capital pernambucana, Caruaru é internacionalmente conhecida pela sua feira de artesanato, produtos típicos e, atualmente, pela sua festa de São João. Com pouco mais de 250 mil habitantes, um clima ameno, inesperado para a região, e uma população tida como bastante acolhedora, é a cidade líder na região e um dos mais importantes centros de atividade econômica e cultural do interior nordestino. Lá se encontra o que a UNESCO reconhece como “o maior centro de artes figurativas das Américas” - O Alto do Moura - uma comunidade com mais de mil artesãos que representam no barro o dia-a-dia do homem nordestino, divulgando até mesmo no exterior a arte iniciada há quase um século por Mestre Vitalino e vendida na feira de Caruaru e no próprio Alto do Moura.
Durante todo o mês de junho, noite ou dia, os acordes das sanfonas, dos triângulos e das zabumbas, arrastam milhares de pessoas de todo o país ao longo das ruas, nas palhoças e palhoções e por todo o pátio de eventos. São mais de duzentas ruas ornamentadas com bandeirinhas e balões para o forró e o passeio das quadrilhas.
Reunindo pequenas feiras, algumas delas de destaque nacional como a Feira do Gado, a rica Feira de Artesanato, a curiosa e famosa feira do Troca-Troca ou ainda a preciosa Feira de Antigüidades, Caruaru tem a fama de “maior reunião brasileira de folclore”. E há alguns anos, durante o mês de junho, Caruaru se torna um gigantesco arraial.
Toda uma cidade cenográfica foi criada, visando trazer para o centro de Caruaru o “clima da roça”. Toda a cidade cenográfica é enfeitada para receber os turistas que começam a chegar nos lotados “trens do forró”, vindos de Recife para dançar quadrilha e participar da festa que não pára durante todo o mês de junho.
O Trem do Forró é uma das maiores atrações da festa. Ele parte de Recife, percorrendo diversas cidades onde novas pessoas vão entrando e se integrando à festa dentro do trem. No interior do Trem o forró não para de ser tocado, dançado e cantado e todos os vagões são animados por bandas. A partir da entrada do município, no distrito de Gonçalves Ferreira, até a parada final, as pessoas que ficam próximas à linha férrea, formam um verdadeiro cordão humano acenando para os passageiros do Trem durante os 130 quilômetros que separam Recife de Caruaru.
Todo começo de tarde de sábado e domingo de junho, centenas de pessoas esperam pelos turistas do Trem na estação da RFFSA em Caruaru. A cada viagem mais de 600 turistas chegam a Caruaru e a festa fora do Trem, que começa na estação ferroviária, parte para o “Pátio de Eventos Luiz Gonzaga”. Enquanto o Trem do Forró faz a festa para os caruaruenses, estes recepcionam os turistas que chegam, comparecendo em massa e proporcionando animação e calor humano característicos da terra. Ao todo chegam em Caruaru, em junho, dez Trens do Forró, ou seja, seis mil pessoas apenas por via ferroviária.
O próximo momento da festa, depois da chegada do Trem, é o forró dançado no Pátio de Eventos, constituído de uma grande área para shows e da Vila do Forró, a cidade cenográfica. A área dos shows possui um grande palco de 800 m2, que possibilita ao público assistir às atrações musicais de qualquer ponto do Pátio. Durante todo o tempo em que acontecem os eventos, um locutor explica, em inglês, francês e português, os acontecimentos da festa, orientando também os turistas.
Na Vila do Forró tenta-se reproduzir, para que os visitantes possam conhecer e vivenciar, o clima e cultura material de uma “verdadeira cidade do interior” em tempo de festa na menor das cidades. A Vila é uma réplica de um arruado, com casas simples e coloridas, posto bancário, posto dos Correios, delegacia, sub-prefeitura, mercearia, igrejinha, forrós pé-de-serra e restaurantes. Entre as casas, há a casa da rainha do milho, da rezadeira, da parteira, da rendeira, de apresentação de mamulengos e outras personagens do interior. São 1.500 m2 de área cenográfica construída para oferecer, durante o ano todo, um pouco do São João de Caruaru aos turistas, embora a festa mesmo só aconteça em junho. Para a construção da Vila do Forró foram pesquisados nos povoados da zona rural da região os traços arquitetônicos e as cores utilizadas pelos pedreiros, “sem orientação acadêmica” conforme os organizadores afirmam. Algumas casas da Vila , por esta razão, não possuem reboco.
A Vila do Forró tem, inclusive, “habitantes”. Atores encenam, de forma bem humorada, o cotidiano de personagens típicos da região como o padre, as beatas, a parteira, o soldado de polícia, o poeta, o prefeito e a primeira-dama, entre outros. O Coronel Ludugero e sua amada Filomena são personagens de destaque na Vila. Estes personagens passeiam pela Vila do Forró e pelo Pátio de Eventos como se fossem reais. Os turistas que vão à Vila do Forró participam, portanto, de uma especial encenação teatral interativa que é mais uma das diferenciadas atrações do São João da “Capital do Forró”.
Outra atração muito popular do São João de Caruaru é a “Caminhada do Forró”, que sai do Pátio de Eventos no dia 9 de junho e é um dos grandes momentos dos festejos juninos de Caruaru. Verdadeira procissão dançante, cantante, de alegria, a caminhada tem como destino final o Alto do Moura, local onde viveu Mestre Vitalino.
 

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