'Liga do Fim do Mundo': o futebol no último pedaço de terra da Argentina
Reportagem especial para a Copa América mostra a "Liga do Fim do Mundo", em Ushuaia, na Argentina.
Quantas vezes você já ouviu, em reportagens, que o futebol é o esporte mais popular do mundo? Isso é um fato, os números comprovam, mas é preciso também comprovar com imagens. De olho no mapa seguindo para baixo, depois de descer muito, chega-se a Ushuaia, Argentina. Depois de Ushuaia, não tem mais para onde ir. De lá, só é possível chegar ao Polo Sul, na Antártida, que ainda está mil quilômetros distante. “Bem vindo ao fim do mundo”! Ushuaia é a última cidade do extremo sul do continente.
A cidade tem 70 mil habitantes e vive basicamente do turismo. No verão são escaladores e jovens que gostam de explorar as trilhas nos parques da cidade. No inverno, as montanhas branquinhas, repletas de neve, se transformam em perfeitas estações de esqui.
Mesmo no verão faz muito frio. A temperatura em pleno mês de março é de 2°C, 3°C, 6°C, no máximo. A chuva é de flocos de neve. Mas, onde há terra, há esperança. E o futebol faz mais um milagre no último pedaço de terra do continente, onda a bola também rola.
"No fim do mundo também jogamos futebol! Estamos muito orgulhosos!”, diz um treinador local.
O fim do mundo é legal, pode ter certeza. Tem até campeonato de futebol. Agora, o dificil é saber quem tem mais coragem. Os jogadores ou a torcida, que enfrenta o frio de 1°C. O palco é um estádio acanhado e modesto. O gramado é sintético para poder suportar as baixas temperaturas do rigoroso inverno. Arquibancada e vestiários tímidos, mas que atendem perfeitamente às necessidades da liga.
Como não podia deixar de ser, o domingo era dia de clássico. A associação dos trabalhadores de um banco contra o grande time da cidade, os Corvos do Fim do Mundo. A partida com a maior rivalidade da região da Terra do Fogo. Em campo, o melhor estilo argentino. A Liga do Fim do Mundo é organizada, são 20 times. Não são todos de Ushuaia. As cidades próximas mandam os seus times e tornam o campeonato organizado. Esse campeonato equivale à quinta divisão argentina.
São times amadores que, vencendo os seus torneios regionias, podem até chegar ao torneio nacional. Do campeonato, já saíram jogadores que hoje estão nos maiores clubes da Argentina. "No River está Franco Mendoza, um jogador de 18 anos. Oliver Benites, que está no Gimnasia de La Plata, também de 18 anos”, diz o treinador.
Franco quer ser o próximo. Ele é o craque do Corvos do Fim do Mundo. Aos 21 anos, trabalha como mecânico, mas ainda tenta viver só do futebol. "Sempre foi meu sonho. Lamentavelmente, eu sou de Formosa, um lugar muito pobre e tive que vir para cá para buscar trabalho. Não consegui sair nunca, fiquei por aqui, mas sempre foi o meu sonho jogar", afirma o jovem. O tempo não diminui o desejo, mas esfria. Os anos passam, a necessidade de ajudar a família fala mais alto e Franco segue a vida. Mas o futebol vai ser sempre a grande paixão.
O Corvos do Fim do Mundo venceu o clássico local. A foto vai ficar guardada como recordação. A paisagem deslumbrante serve de moldura para termos certeza de que estamos em um lugar especial.
O VIDEO E A MATERIA
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/06/liga-do-fim-do-mundo-o-futebol-no-ultimo-pedaco-de-terra-da-argentina.html
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